Tour pelo Salar de Uyuni: 1° dia
Fizemos o tour de 3 dias pelo Salar de Uyuni saindo de San Pedro do Atacama em direção à Bolívia. Compramos o pacote na Agência Luna Dorada, em San Pedro. Pagamos US$ 140 dólares por pessoa pelo passeio que incluía hospedagem e alimentação completa. O tour começou às 8h no primeiro dia, na Aduana do Chile. A Van te busca no hotel, passa pela aduana chilena e te leva até a imigração da Bolívia, um prédio simples e sem banheiro, no meio do nada a uns 40km de San Pedro do Atacama.
Um frio do cão. O funcionário da imigração só pega o passaporte e carimba. Nem se deu o trabalho de abrir a página com a minha foto. Ao voltar para a van, nosso motorista preparava o café da manhã (bolo, pão, presunto, queijo, iogurte, chá, café e guacamole).
Comemos e ele dividiu o grupo de 12 pessoas que estavam na van em dois de 6. Cada um em uma Toyota Land Cruiser e seu respectivo motorista boliviano. O primeiro grupo já estava organizado e colocava a bagagem no teto do carro, juntamente com os 3 galões de combustível (ou você pensou que tinha posto de gasolina no meio do caminho?) que vão junto. O nosso grupo – formado por 4 brasileiros e 2 australianos – aguardava a chegada do motorista que estava atrasado.
Sentimos a tensão no ar. O motorista que havia nos levado até alí conversava com outras pessoas se mostrando preocupado. Todos os carros que estavam estacionados quando chegamos, foram saindo e a gente foi sobrando. Foi quando Alcides Fernandes chegou. Antes não tivesse chegado. Brinks. O boliviano baixinho dispensou os cumprimentos e foi logo subindo no teto do carro para organizar a bagagem que só é retirada ao final de cada dia. Dentro não cabe mais nada. Você só leva a mochila com o básico (bom ter a câmera, protetor labial, protetor solar, lanchinhos, passaporte, dinheiro, remédio, água, papel higiênico e um outro item para o caso do frio apertar no caminho).
Assim que nos organizamos no veículo (os dois menores nos bancos de trás, onde tem menos espaço), o motorista Alcides Fernandes se apresentou e começamos nossa viagem. Logo a frente já paramos para pagar a taxa de entrada na região. 150 bolivianos. Não aceitam nenhuma outra moeda. Na frente do prédio, um local faz câmbio nada favorável. É bom já fazer o câmbio em San Pedro e já levar contigo.
A primeira parada foi na Laguna Branca. Um lugar encantador. A água é translúcida e reflete as montanhas em volta. Uma paisagem fantástica, daquelas que fazem a gente ficar em silêncio.
Em seguida, visitamos a Laguna Verde, que fica aos pés do Vulcão Licancabur. Pelas fotos que havia visto antes, essa laguna me desapontou um pouco. Me pareceu mais seca e nem um pouco verde. Mas valeu muito a visita.
A terceira parada foi nas águas termais. Uma piscina no meio do deserto com água com temperatura acima dos 30°C. Chega incomoda de tão quente. Mas não tomamos banho.
Depois fomos ao Geiser Sol de Mañana, que estava com um cheiro muito forte e a fumaça alta. O guia liberou para andar pelo local, mas é bem perigoso. É preciso ter bastante atenção, pois a temperatura da lama chega a atingir os 80ºC.
Próxima parada: Deserto Dali. O deserto não se destaca pela areia, mas sim pelas cinzas vulcânicas e tem esse nome pelas formas surrealistas das montanhas. No local há rochas com cores variadas e uma cordilheira de vulcões.
Nesse ponto nosso carro estragou. Parou de funcionar. Foi preciso ajuda do motorista parceiro (o que transportava o grupo com os outros 6) para que resolvêssemos o problema que era no filtro de combustível, que estava entupido. Nessa altura da viagem percebemos que Alcides Fernandes não conseguia controlar o sono e desconfiamos que ele tivesse chegado atrasado no ponto inicial da viagem porque havia dirigido a noite inteira.
Ele passou todo o trajeto fazendo coisas para evitar cair no sono: deixava o som do carro no volume máximo com músicas latinas, colocava a cabeça para fora e fingia verificar os pneus. Em outros momentos, descia do carro, abria o bagageiro e jogava água na cabeça. Descia para fazer xixi ou então para abrir o capô e dar uma desculpa qualquer quando perguntávamos o motivo de tantas paradas para conferência do veículo. Era tudo sono. Ele mal conseguia abrir o olho ou raciocinar para responder nossas perguntas.
Falava frases decoradas e mal elaboradas quando parávamos em alguma atração. “Essa é a Laguna Branca. Ela tem essa coloração, devido à sua cor branca”. Estava cochilando ao volante e dando freadas bruscas quando acordava. Imagina o perigo nesse lugar que nem tem estrada demarcada. A vontade era de tomar o carro dele e já estávamos quase fazendo isso, quando chegamos no abrigo, local onde passaríamos a primeira noite.
Ainda eram 2h da tarde. A vila impressiona pela simplicidade. O nosso abrigo (eles preferem não chamar de pousada, talvez justamente pela simplicidade) não tinha ducha. O único banheiro unissex também não tinha luz. Tinha apenas dois vasos (devidamente desequipados de papel higiênico), duas pias e um mau cheiro terrível. Mas já havíamos sido avisados de que nessa primeira noite, não havia possibilidade de banho. Quem quisesse que se limpasse com lencinhos umedecidos. Os quartos eram confortáveis. Dormimos os 6 do mesmo grupo no mesmo quarto. A mesa das refeições também era dividida dessa forma. Você fazia tudo com aquele grupo.
Tomamos um café com bolachas e Alcides nos levou à Laguna Colorada. Imensa e cheia de flamingos. Tem uma água vermelha que vai mudando de acordo com o sol. No local venta MUITO e sempre.
Voltamos para o abrigo e Alcides logo se recolheu. Jantamos cedo. O menu era sopa de legumes, salada de tomate, macarrão com molho bolonhesa, pão e coca-cola quente.
Nos preparamos para dormir da melhor forma possível. Todos diziam que aquela seria a pior noite do passeio. A previsão era de -12C. Não sei se exageramos ou se as previsões não se concretizaram, mas a verdade é que ninguém passou frio. Pelo contrário. Passamos calor. Todos tiraram várias peças de roupa durante a noite, tamanho era o incômodo.
Mas uma coisa foi certa: a noite foi péssima. Ninguém dormiu bem ou sequer dormiu. Estávamos a 5200 metros de altitude. Do nosso grupo, uns sentiram dor de cabeça fortíssima que não passava nem com remédio, outros falta de ar, enjoo, outros um mal estar geral, um desconforto. A noite foi de cochilos e aquela ansiedade para que o dia amanhecesse logo e aquele tormento acabasse.
No próximo post, falo sobre o nosso segundo dia no Salar. O mais cansativo.
Informações adicionais
Outros posts dessa série:
– Tour pelo Salar de Uyuni: o 1º dia
– Tour pelo Salar de Uyuni: o 2º dia
– Tour pelo Salar de Uyuni: o 3º dia
– 11 Coisas que você precisa saber antes de ir para a Bolívia
– Salar de Uyuni e Deserto do Atacama: qual a logística ideal?
– Deserto do Atacama e Salar de Uyuni: o que levar na mala?
Não deixe de ler também a série Mochilão pela América do Sul onde nossa amiga Analice Calaça conta com detalhes o seu tour pela Bolívia, Chile e Peru, incluíndo o Deserto do Atacama e o Salar de Uyuni.
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