Nosso Roteiro: Luang Prabang

Luang Prabang foi, para mim, uma grande surpresa. Ao viajar para o Laos, não tinha grandes expectativas, mas o país me conquistou. Talvez pela leveza e simplicidade com que os laocianos vivem os seus dias, como recebem com simpatia os turistas e dividem um pouco da sua cultura. Sem dúvidas foi um dos países mais aconchegantes que já visitei. Me senti acolhida sem ser incomodada e sem também sentir que estava incomodando.

Laos foi uma colônia francesa e Luang Prabang a capital do antigo reino. Apesar de ser mais lembrada por turistas, a capital do Laos é Viantiane. Luang Prabang é pequena e muito simples, com casarões no estilo colonial. Fica em uma região cercada por montanhas com intensa vegetação e as águas barrentas dos rios Mekong e Khan. O cenário dá aquela sensação de isolamento, mas a cidade é bem movimentada, com uma infinidade de bares, excelentes restaurantes, um mercado de artesanato vibrante e boas opções de hospedagem.

O que ver e fazer

O turismo no Laos é intenso. Basicamente, em Luang Prabang você verá muitos templos, cachoeiras incríveis, elefantes, boas casas de massagens e muitas opções de bares e restaurantes. A maioria das atrações está concentrada no chamado bairro antigo. As duas ruas mais importantes, onde quase tudo acontece: Sisavangvong e a Kingkitsarat, ambas bem movimentadas.


Cerimônia das Almas

E é na Rua Sisavangvong onde é realizada a Cerimônia das Almas, que é o momento quando os monges saem dos templos e recebem ofertas de alimentos e dinheiro dos locais. Esse ritual é uma tradição em Luang Prabang. Para assistir, é preciso chegar bem cedo (tipo 6h). O trajeto dos monges é feito no sentido do Wat Xieng Thong para a feira de artesanato ou o templo Wat Mai. Durante o ritual, o público deve respeitar com silêncio, distância, roupas sem decote, e fotos sem flash. Falamos mais sobre essa experiência neste post aqui.

Monte Phou Si

Subir nesse morro não é tarefa fácil (são 350 degraus), mas a visual lá de cima compensa. Principalmente se for no pôr do sol. O início da escada fica no meio do Mercado de Artesanato, na Rua Sisavangvong. Lá em cima há um pequeno templo That Chomsi e uma vista panorâmica de toda a cidade. Para subir é preciso pagar 10 mil kips e, apesar de o pôr do sol ser o momento mais bonito, é também o mais cheio.

Palácio Real

Também conhecido como Haw Kham, o palácio é de uma arquitetura fantástica. Abriga um museu com diversos objetos da família real dispostos nos cômodos originais. Embora o espaço seja relativamente pequeno, o acervo é surpreendente, com muito ouro e mosaicos nas paredes.  Não é permitido tirar fotos e nem entrar com roupas acima do joelho ou com os ombros à mostra. A entrada custa 30 mil kips e, caso você precise, eles alugam peças de roupa por 5 mil kips. De fora do palácio, mas ainda na entrada, tem o templo Phra Bang do lado direito e um teatro do lado esquerdo com programação diversa.

Passeio de barco pelo Rio Mekong até a caverna e templo Pak Ou Cave

O templo dentro da caverna pode ser decepcionante. É minúsculo e com um monte de estátuas de Buda cheias de poeira. Mas o passeio pelo rio é super válido. O passeio comum custa cerca de 40 mil kips por pessoa e leva 2 horas para chegar de barco até lá. Mas acabamos indo de uma maneira um tanto mais rápida e contamos tudo com detalhes sobre este passeio nesse post aqui. Tem também a opção de fazer um cruzeiro pelo Mekong para assistir o pôr do sol. 

Aula de culinária do restaurante Tamarind

Um dos pontos altos da nossa visita ao Laos foi a aula de culinária laociana. Começamos com uma visita ao mercado local e passamos um dia aprendendo receitas típicas com um chef super bem humorado. No final, comemos a nossa própria “produção” com direito a sobremesa também feita por nós. A aula com passeio ao mercado e almoço custa 285 kips por pessoa e precisa ser agendada com antecedência.

Interação com elefantes

Se a aula de culinária foi um dos pontos altos da nossa viagem, a interação com os elefantes foi, sem dúvida, O PONTO ALTO. Fizemos o passeio consciente com a Mandalao, empresa que começou um trabalho de resgate dos animais há pouco tempo, mas que tem mostrado avanços no sentido de conscientização dos locais quanto à necessidade de parar com a exploração dos elefantes. No local, eles são reabilitados para viver em ambiente adequado e longe de trabalho abusivo. O passeio foi mágico, emocionante e inesquecível. Valeu cada centavo dos 85 dólares investidos (que inclui o transporte até o local – que é afastado da cidade – e um almoço). Contamos todos os detalhes sobre esse passeio nesse post aqui.

Cachoeira Kuang Si Falls

Kuang Si Falls é a cachoeira com a água mais impressionante que eu já conheci. É fantástica! São várias quedas d’água e piscinas naturais com água da cor do mais impressionante azul. Fica a 30km de Luang Prabang (dá para ir de tuk tuk ou van – dá para reservar por aqui). Pagamos 300 mil kips por uma van para 7 pessoas. Eles esperam o tempo combinado. O ideal é ir bem cedo para fugir da multidão.  No local há ainda um espaço fechado com vários ursos. A entrada para o parque custa 20 mil kips.

Cachoeira Tad Sae

Dizem que essa cachoeira é ainda mais linda que a Kuang Si, mas na época em que fomos ela estava totalmente seca, então não deu para ver beleza nenhuma. Fica a 17 km da cidade, em caminho oposto e a entrada custa 15 mil kips. A van ou tuk tuk que leva até o local (pagamos 40 mil kips por pessoa) só chega até o outro lado do rio, então é preciso pagar mais 10mil kips por pessoa para atravessar. Fica apertado fazer as duas no mesmo dia, mas com um certo esforço dá para fazer sim.

Templos budistas

Assim como na Tailândia, no Laos há vários templos interessantes para serem visitados. As mesmas regras de entrar descalço e com o corpo coberto são válidas aqui. O mais famoso de Luang Prabang é o Wat Xieng Thong, que custa 20 mil kips para entrar. No espaço há algumas bancas de souvenirs. Mas vale também a visita ao Wat Vixoun e o Wat Sene.

Massagem

Em Luang Prabang você vai encontrar diversas casas de massagem com preços que vão desde o muito barato ao muito caro. Em média, há massagens de 50 a 60mil kips a hora. Um dos lugares recomendados é o SPA Garden.

Beira Rio

Seja para assistir ao espetáculo do pôr do sol, para comer um petisco ou tomar um drink em um bar, não deixe de viver essa experiência. Curtimos essa vibe delicinha em três oportunidades: em uma noite no famoso Bar Utopia (falamos mais dele logo abaixo), em um fim de tarde na areia assistindo o pôr do sol e em um outro dia tomando uma cerveja com petiscos típicos no Tamarind Restaurante.

Night Market

Esse, para mim, já fazia parte da programação diária do nosso roteiro. É imperdível. O mercado é montado todos os dias a partir das 18h e desmontado às 22h. Fica na rua principal e ali você encontra os mais encantadores artesanatos, tecidos, souvenirs, roupas, itens de decoração e acessórios. Eles estendem um pano no chão mesmo e expõem os produtos bem organizadinhos. Chama atenção pela disposição e organização por cores e tamanhos. Os preços são bem baratos e ainda negociáveis. Mas como os laocianos são mais comedidos, não há aquela insistência para você comprar. Você pode olhar tudo com calma e é sempre recebido com um sorriso simpático. Alí também há muitas barracas de sucos e smothies e alguns crepes. Tudo delícia.

Onde se hospedar

Não se engane com a aparência simples da cidade. Há opções de hospedagem para todos os gostos e bolsos. Há hotéis boutiques fantásticos e mais caros, albergues bem em conta e pousadas simples, porém aconchegantes. Ficamos com a pousada e nos hospedamos no Golden Lotus Place, que tem excelente localização (a 10 passos do mercado noturno), café da manhã delícia (com várias opções e sucos da fruta feitos na hora) e um atendimento impecável de uma família laociana super fofa. Ao fazer o check in e sempre que voltávamos do passeio, sempre éramos recebidos com um suco feito na hora.

Não a toa, a pousada é super bem avaliada no Booking com nota 9,2. Pagamos 240 dólares por 5 diárias para o casal com café da manhã.   Bill, o gerente do hotel, é super prestativo, está sempre disposto a ajudar, organizar passeios e indicar os melhores locais, dar dicas sobre a cidade e até as possíveis latadas. No quarto também há uma espécie de fichário com dicas de um verdadeiro guia turístico da cidade. Alí mesmo no hotel lavamos nossas roupas e pagamos 12 mil kips (cerca de R$4,80) por 1kg de roupa lavada e perfumada.

Onde comer (e beber)

Em geral, a comida básica dos laocianos consiste em um arroz grudento e um molho picante. Sopa, muitos legumes, carnes diversas e algumas até suspeitas. Digamos que eles aproveitam mais da natureza do que nós costumamos. Mas não se assuste. A comida é boa e barata. Selecionamos aqui alguns dos restaurantes que conhecemos.

Coconut Garden: fica na avenida principal. Tem decoração super fofa e cardápio beeeem variado. Dá para comer de tudo, inclusive pizza. Tem comida tailandesa, vietnamita, laociana e do Camboja.

Tamarind: um dos mais famosos da cidade. Tem ambiente simples, mas comida delícia. Bom também para uma cerveja (a mais comum é a Beer Lao) com petiscos (que inclui desde amendoim a cogumelo preto e bambu) na beira do rio. O Tamarind também oferece aula de culinária e vende algumas ferramentas e temperos típicos da culinária laociana. Mas atenção ao colocar Tamarind no seu GPS. Ele pode te levar ao Tamarind Tree, um restaurante super simples e de higiene duvidosa.

3 Nagas: restaurante do hotel, mas aberto ao público em geral. Culinária francesa e laociana com pratos maravilhosos, atendimento impecável e ambiente agradável. Foi o restaurante onde pagamos mais caro, mas ainda bem acessível. Um jantar com prato bem servido, bebida e sobremesa sonho saiu por algo em torno de R$ 60. Destaque para o prato com peixe assado na folha de bananeira e o bife de búfalo com arroz negro. Das sobremesas, destaco a banana frita com sorvete e calda de chocolate e o mingau de tapioca com coco e frutas.

L’Elephant: um dos melhores da cidade, com cozinha francesa e laociana. Fica entre o Rio Mekong e o nam Khan, em um prédio restaurado dos anos 60. Muitos dos ingredientes usados nos pratos são cultivados no próprio jardim do local.

Le Café Ban Vat Sene: café colonial com decoração bem interessante.

Utopia: bar, boate, pub, ponto de encontro, o Utopia é um ambiente descolado onde rola de aula de yoga a festa com turistas, passando por jogos de vôlei. Ou seja, de um tudo. É um ambiente super alternativo, na beira do rio, com cardápio variado e cerveja gelada. Como fecha antes da meia noite, quem quer mais, sai dali para o boliche.

Luang Prabang Bakery: Funciona como café, mas também serve comida como qualquer outro restaurante. Você encontra todo tipo de pratos ocidentais, com muita opção de massas e sanduíches, mas também asiática. Tem uma confeitaria com tortas sensacionais e o maior e melhor tiramissu que já comi na vida.

Bowling Alley: na saída do Utopia, já tem um monte de tuk tuk esperando para levar os turistas para o boliche. Lá dentro tem cerveja, whisky e muito turista querendo farra. Funciona até 2h da manhã.

Como se locomover

A cidade é relativamente pequena e os pontos de interesse de um turista estão, em geral, concentrados no centro histórico. Com disposição, dá para fazer tudo a pé. Mas alugar uma bike também te dá mais opções e é super divertido. O aluguel de uma bicicleta custa em média 5 dólares por dia. A cidade é plana e sem trânsito, o que facilita a pedalada. Uma outra opção é o tuk tuk, que assim como na Tailândia, é preciso combinar o valor antes mesmo de começar a corrida.

 Como chegar

Saímos de Bangkok para Luang Prabang em um voo direto operado pela Cia Laos Airlines. O voo custou 145 dólares com todas as taxas e teve 1h e 40 minutos de duração. O avião era bem pequeno, mas foi um voo tranquilo.

Do aeroporto para o hotel

Usamos o táxi, que é tabelado. Custa 50 mil kips a cada 3 pessoas até o centro da cidade. Éramos 6, mas mesmo nos levando em um só veículo (uma mini van), pagamos 100 mil pelo grupo.

Informações adicionais

Câmbio

R$1 é o equivalente a mais ou menos 2600kips, a moeda do Laos. Há casas de câmbio no aeroporto e outras com cotação melhor na cidade. Em alguns lugares a moeda tailandesa (Bath) é aceita e o dólar também costuma ser bem vindo. Se a ideia é usar o cartão de crédito, esteja ciente de que 99% dos estabelecimentos vão lhe cobrar 3 ou 4% a mais pelas taxas.

Visto

O visto para entrar no Laos é tirado já no aeroporto, mas o processo é bem descomplicado. Eles pedem 2 fotos 3X4 e o comprovante de vacina contra febre amarela. Assim que desce do avião você é direcionado ao balcão de “Visa on Arrival”. Alí você apresenta o passaporte (que tem que estar com validade mínima de seis meses) e um endereço de estadia no Laos. A taxa do visto para brasileiros custa US$30 e tem que ser paga em dólar. Se você não tiver foto, eles cobram US$1 a mais para escanear a do seu passaporte.

Chip 3G

No Laos ficamos conectados usando os chips do país. São baratos e podem ser encontrados em qualquer esquina. Já ativamos o nosso no aeroporto. Pagamos 200 bath (como foi no aeroporto, cobraram na moeda tailandesa) por 2 gigas de internet.

Em geral o sinal do 3G em Luang Prabang não é muito bom.

Ainda restou alguma dúvida sobre Luang Prabang? É só deixar aí nos comentários que a gente responde rapidinho. 


Compartilhe este artigo!

Comentários

  1. Karolinne
    28 set 2018

    Muito completo seu post! me ajudou muito a pensar em incluir a cidade no meu roteiro de viagem.
    Acha que em quantos dias consigo conhecer a cidade?

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *