Chapada dos Veadeiros: A Travessia das Sete Quedas
Ao voltar à Chapada dos Veadeiros, na região nordeste de Goiás, decidimos que dessa vez faríamos diferente. E o diferencial surgiu com o lançamento de um novo roteiro para explorar o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros. Desde o dia 24 de junho, o visitante pode pernoitar dentro do parque. E lá fomos nós, no início de julho, experimentar essa aventura.
São 23km de trilha cerrado adentro. Batizada como Travessia das Sete Quedas, essa é a única trilha com pernoite formalizada no estado de Goiás. O percurso é feito em dois dias. No primeiro, o grupo sai cedo, anda 17 km e acampa ao lado da Cachoeira das Sete Quedas. No segundo, anda 6 km até sair do Parque. Mas há variações e tem gente que consegue fazer todo o percurso em um só dia. O que não é o nosso caso.
O nosso caso (mentira, o meu) era grave. Confesso que sofri com a distância e com o sol. O percurso em si é bem tranquilo, principalmente no primeiro dia, pois o parque é, de forma geral, bem plano. Mas sombra não é algo fácil de encontrar por ali. Em compensação, o visual ajuda qualquer sedentário a seguir em frente. Mas se você acha que não consegue encarar, veja aqui quais são as trilhas mais fáceis da Chapada dos Veadeiros.
Outro fator motivacional: as cachoeiras e rios que se atravessa.
Fazendo a reserva
O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, o ICMBio, órgão que administra o Parque, definiu que a travessia com pernoite é feita apenas no período de seca (entre maio e outubro) e liberada para 15 pessoas por dia. Para ser um dos contemplados é preciso fazer uma reserva com 5 dias de antecedência. A confirmação chega por email.
Custos
O Parque não cobra nada do visitante e o percurso pode ser feito com ou sem guia. Nós decidimos por contratar um guia e acho altamente recomendável, pois apesar da trilha ser muito bem sinalizada, é fácil se perder. Mas a melhor parte são as dicas que o líder pode te dar, já que são conhecedores da região. Para atravessar os rios, por exemplo, só ele para saber qual o local seguro para pisar. Fora as aulas sobre o cerrado goiano.
Contratando o guia
Éramos quatro e o guia nos cobrou R$ 500 (para o grupo) pelo seguinte serviço: uma pessoa nos acompanhou durante a travessia e outros três se encarregaram de levar toda a nossa tralha de acampamento para o local onde dormiríamos e buscar no dia seguinte. Também nos buscaram de carro no fim do segundo dia, pois o portão para sair do parque fica na estrada, no meio do nada, a 12 km de São Jorge.
Neto, o guia líder, com quem conversamos e fechamos o negócio, disse que se mais pessoas se juntassem ao nosso grupo, o valor seria o mesmo. Tenho minhas dúvidas, pois ele não foi fiel no trato em diversos momentos, tanto que o valor inicial era de R$ 400 e depois pulou para R$ 500. No dia que chegou no acampamento, também ficou reclamando do peso dos nosso pertences e disse que no outro dia a gente teria que ajudar a carregar. Depois de um bom bate boca, tudo voltou ao normal e ele cumpriu o trato.
Mas se querem uma indicação boa: contratem o Sr. João, dono da Pousada Berço das Águas e conhecedor do local, já que faz a trilha desde os tempos de garimpo. Não terão do que reclamar. Foi ele que fez o percurso com a gente. Foi companheiro, prestativo e nos tratou com muito respeito. 62 anos de pura energia e simpatia. Negociando diretamente com ele, o preço deve ficar mais barato. Contatos dele: (62) 9669-4046 pousadabercodasaguas@hotmail.com ou joaocarlosguia@hotmail.com.
O trajeto
O trajeto é iniciado no centro de visitantes do Parque, que fica a poucos metros de São Jorge (município de Alto Paraíso, a 260km de Brasília). Dá para ir à pé. Ali você recebe mapas e algumas instruções sobre a trilha e um desejo de boa sorte. O recomendado é começar a trilha por volta de 7h da manhã. Em duas horas (7 km) seguindo as setas vermelhas você chega na primeira parada: o Cânion I, com um grande poço d’água com rochas nas margens. Ao lado, há uma piscina natural ótima para banho.
Depois, seguindo as setas laranjas, são mais 10km, sendo que 3km depois dessa parada a gente atravessa o Rio Preto (boa opção de parada) e depois são 7 sofridos quilômetros por uma área de campo aberto, sem sombra e sem água. A média é de 8h a 10h para fazer o percurso.
O camping
O ideal é chegar na área do camping, ao lado da Cachoeira das Sete Quedas, até as 17h, para que tenha tempo e clima favoráveis para se tomar banho no rio. E quando me refiro ao banho no rio, não estou falando de lazer, mas daquele por necessidade mesmo. Lá não tem nenhuma estrutura. É só um espaço mais plano e desmatado onde cabem algumas barracas.
É preciso levar a comida já pronta (não é permitido fazer fogueira), fazer as necessidades no mato, tomar banho no rio sem sabonete e shampoo, levar sua lanterna e retirar todo o lixo (inclusive restos de comida) quando sair.
Importante: Não deixe de ler o post “Travessia das Sete Quedas: O que levar e vestir“
O segundo dia
O segundo dia já começa com a travessia do Rio Preto, pouco acima das Sete Quedas. Recarregue todas as garrafas d’água, pois não terão outro ponto até o final da trilha. O trajeto é bem tenso, pois além do seu corpo já estar cansado do dia anterior, o percurso é cheio de pedras e exige muito sobe e desce. Tem também um agravante; os marimbondos costumam se esconder nessas pedras. De quatro pessoas do grupo, duas foram atacadas – uma, obviamente, tinha que ser eu :(.
Depois de 3km de caminhada se chega ao Posto da Mata Funda, uma torre de observação, utilizada pela Brigada de Incêndios Florestais do ICMBio. Alguns guias têm permissão para entrar com o carro até esse ponto. O que contratamos tinha, então optamos por nos pegar neste ponto. Os últimos 3km não são de trilha e sim de estrada que leva até o portão dos fundos do parque, às margens da GO-239. Próximo do portão há uma caixinha de correio, onde você deverá depositar o cartão de identificação que eles te dão na entrada. É o sinal de que você chegou vivo no destino!
Atenção: mesmo que não contrate guia, é preciso pedir alguém que lhe busque nesse ponto, pois é no meio do nada, a 24km de Alto Paraiso (à esquerda) e 12km de São Jorge (à direita). Os celulares (testamos TIM, Vivo e Oi) pegam durante quase todo o caminho (mas o 3G dificilmente dá sinal), o que te ajuda no caso de avisar o guia sobre o horário provável da sua chegada.
Não deixe de ver também o Guia completo da Chapada dos Veadeiros, com tudo o que você precisa saber para organizar sua viagem.
Oi, Polliana. Tudo bem? 🙂
Seu post foi selecionado para a #viajosfera, do Viaje na Viagem.
Dá uma olhada em http://www.viajenaviagem.com
Até mais,
Natalie – Boia Paulista
Obrigada, Natalie!
O Percurso pode ser feito de bicicleta?
Pelo q li, creio q em algumas partes não, mas em geral?
Oi, Thiago. Não é nem permitido entrar no Parque com a bicicleta. 🙁
Muito bom post! Gostei muito das dicas e das fotos. O parque parece ter uma excelente estrutura. A Chapada dos Veadeiros está na minha lista há um tempinho, mas ainda não tive a oportunidade de ir.
Vale muito a pena, Bruno!
Muito legal o relato Polly!
Parabéns pelo conteúdo, com muita informação útil, dicas preciosas e fotos com imagens de tirar o fôlego!
Obrigada, Dan! 😉
Ótimo passeio este relatado pela Polliana. Fiz a uns 30 dias com minha esposa.
É um trajeto muito belo, principalmente após a travessia do Rio Preto, “trilhas das Fiandeiras” se não me engano. E as 7 quedas em sí, são maravilhosas.
Só discordo de Guia ser “altamente recomendável”. É um travessia tranquila e muito bem sinalizada, além de 500$ ser um custo considerável, principalmente se for um casal apenas.
E comida, não precisa ser necessariamente pronta. É permitido o uso de fogareiro. tipo aqueles da nautica.
Quanto ao resgate no fim da trilha, o pessoal de uma agencia queria cobrar $250,00 para nos buscar a apenas 12 km de S. Jorge. Resolvemos sair bem cedo, voltar pelo mesmo caminho e ainda curtimos o canion 2 e a belíssima Cachoeiras das Cariocas, ambos dentro do PN. Pra quem está animado a andar um pouco mais, esse é o melhor trajeto.
Aproveitem…
Oi, Marcelo. Obrigada pelo seu relato. Você e sua esposa realmente têm disposição para a caminhada, hein? O meu preparo físico não é dos melhores e além de ficar sem duas unhas do pé após o trajeto eu também fiquei sem fôlego e ânimo. Nunca me arriscaria a voltar e ainda esticar até a Cachoeira das Cariocas. rsrs Porém, para quem tem mais preparo, é sim uma excelente opção. Sobre o uso do fogareiro, tanto no site onde tem as recomendações, quanto na conversa com os responsáveis pelo Parque, não nos foi passada essa dica. Mas que ótimo então!
Obrigada pela visita e pelo relato.
Oi polliana, tdbem?
Nenhum dos emails do seu João está funcionando. Estão corretos?
Oi, Wilton. Falei com ele esses dias. Estão corretos sim. Tentou nos telefones?
Se a pessoa tiver algum conhecimento de trilha não é necessário um guia, pois a trilha é tranquila apesar de longa, só é preciso marcar com 3 dias de antecedência no site do parque.
Olá!! Quantos dias levo para fazer todas as trilhas do parque?
Os passeios de Raizama e Vale da Lua são fora do parque?
Parabéns pelas dicas.
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