Hamburgo: O museu Beatlemania
Recentemente li uma notícia que me deixou triste. O museu Beatlemania, em Hamburgo na Alemanha, fechou no final de junho deste ano. Visitei o local em Novembro de 2011, quando estive na cidade que foi palco do primeiro show dos Beatles fora do Reino Unido. Segundo Folkert Koopmanns, gerente do museu, o motivo do fechamento foi a falta de público. Nesses 3 anos de existência, passaram pelo Beatlemania pouco mais de 150.000 visitantes, o que não foi suficiente para bancar a estrutura do local.
Portanto, meus caros, esse será um post póstumo. Eis que inauguro então um novo conceito de publicações na viajosfera. 😀
Mas eu estaria batendo a cabeça na parede mais triste ainda se não estivesse ido. E olha que tive que ter muita lábia para convencer minha amiga Ana Laura, que era resistente a pagar 9 euros para conhecer o museu, já que em Hamburgo corria a fama de ser um museu só com réplicas de beatles-artefatos. O que foi uma injustiça.
A localização
O museu ficava em uma espécie de “Red Light District” de Hamburgo, a zona Reeperbahn em St. Pauli, em um prédio de 5 andares que, segundo dizem, já foi antes um museu erótico. A passos dali, a Beatles-Platz, uma praça em homenagem ao “quinteto” de Liverpool com estátuas de todos os integrantes, incluindo o do primeiro baixista, o Stuart Sutcliff, que deixou os Beatles em Hamburgo e morreu 2 anos depois, vítima de uma hemorragia cerebral.
Mas essa praça ainda existe e não foi descontinuada. Logo, se forem a Hamburgo, não deixem de visitá-la. E a dica é ir a noite. Todo o charme dela está nesses holofotes, que dão um efeito todo especial a essas estátuas, ajudando até a esconder o vandalismo que elas sofrem com adesivos de publicidade.
Infelizmente, meu tempo foi curto e não tive a oportunidade de visitar essa região à noite.
O museu
O custo do bilhete de entrada era de 9 euros, já com desconto de estudante. 12 euros para a tarifa inteira. Apresentei minha carteirinha da ISIC. Na entrada, você recebia esse simpático passaporte, com um mapa e o roteiro de todo o circuito, que seguia cronologicamente todas as fases dos Beatles, recriando sensações que te faziam voltar no tempo, tempo este que me deu muita vontade de ter vivido.
O museu abrigava mais de mil itens garimpados pelo proprietário em acervos de colecionadores ou através de doações. O roteiro cronológico começava já por Hamburgo, com réplica da rua, dos cartazes e do segundo e mais famoso local de apresentações dos Beatles, o Kaiserkeller.
Senta que lá vem história:
Muitos acreditam, e até eu acreditava antes de ter consultado a minha biografia dos Beatles de Bob Spitz, que este teria sido o local do primeiro show dos Beatles em Hamburgo. Mas não foi. Até mesmo os Beatles acreditavam que seriam, mas foi no Indra, um lounge para garotas e “mais parado que um cemitério”, disse Pete Best nesta mesma biografia.
O objetivo de Bruno Koschmider, o empresário que levou os Beatles a Hamburgo, era o de ter um grupo britânico para gerar movimento no lugar até então esquecido, transformando-o em um novo Kaiserkeller. E tinham assegurado a ele que os rapazes de Liverpool eram capazes de executar a tarefa. E foi tocando por quatro horas e meia seguidas durante a semana e seis aos finais de semana, que os Beatles conseguiram cumprir a missão e ganharam o direito de se apresentarem no Kaiserkeller.
Bom, vamos voltar ao assunto deste post.
O Beatlemania usava e abusava dos recursos audio visuais e da interatividade com o público. Você podia não só fotografar, mas ouvir, sentir… e em vários itens, você podia até mesmo tocar.
E as paredes cumpriam não só o papel de expor quadros com os discos, fotos e currículos da banda, mas também o de contar um pouco da história, através de recortes de jornais da época, em inglês e alemão.
E assim como no muro da Abbey Road Studios em Londres, no Beatlemania também era possível deixar recados e palavras de adoração ao fab four na parede.
Um vez ouvi o John Ulhoa do Pato Fu dizer que os Beatles foram a primeira boy band da história. Aquilo soou estranho e me pareceu até arrogante. Mas depois pensando melhor percebi que ele tinha razão, mas sempre associei a comparação a histeria que a banda provocava nas garotas da época. Aqui nesse museu encontrei a prova de que não era só por isso. Na época, os besouros também faturaram alto licenciando a imagem deles para a venda de lancheiras escolares, bonecos, fichários, bolsinhas de lápis e uma infinidade de outros produtos para o público infantil e adolescente.
E você ai achando que Os Menudos é que haviam lançado moda. 😀
E saquem só esse quarto de adolescente dos anos 60, que eles reproduziram com móveis e objetos originais da época. Tentei registrá-lo usando o recurso de foto 360 graus do app Photosynth, já que o espaço era minúsculo.
E falando em objetos originais, aqui também esteve em exposição uma bateria usada por Ringo Starr. Eu nem me atrevi a ir além desse cordão de isolamento. Só parei e fiquei observando… por longos minutos.
E no final da exposição, você ainda podia parar para tomar uma legítima cerveja alemã, ou comprar souvenirs dos Beatles. Yeah!
É uma pena que uma exposição como esta tenha que ser fechada por falta de público e de patrocínio. Não concebo essa ideia, pois na minha opinião, depois de Liverpool e Londres, Hamburgo é a cidade que mais influenciou os Beatles. Quem não conhece a famosa frase de John Lennon: “Eu cresci em Liverpool, mas foi em Hamburgo que me tornei adulto”?
Existe até uma campanha na fanpage do museu no Facebook para sensibilizar Paul McCartney e conseguir reativá-lo. Mas ainda sem sucesso. Fala-se até que o museu foi vítima de boicote da Apple Records, já que não se tratava de uma exposição oficial. Vá saber!
Vídeo
Esse vídeo curtinho (51 segundos) é um bom exemplo quando eu digo que este museu explorou muito bem as sensações audio visuais.