Buenos Aires: City Tour de bicicleta com a La Bicicleta Naranja

Depois de uma escala em Goiânia para o casamento da minha irmã, estou de volta a Brasília e a realidade nua e crua da vida cotidiana. E a semana já começou quente no trabalho! Mas enfim, vou terminar de contar a viagem aproveitando que tudo ainda está bem fresco na minha memória.

No dia 2 depois de tomar um suco geladinho e comer as 2 medialunas a que eu tinha direito no café da manhã, fui para a minha base de apoio no Mc Donalds do Obelisco. Era lá que eu desfrutava de um ar condicionado geladinho, esparramava meus mapas e guias na mesa, traçava meus roteiros, usava a rede wi-fi de Internet e tomava um sundae, refri ou café. Mas nos últimos dias eu já estava ficando tão lerdo que não consumia nada, só usufruia do ambiente mesmo.

Valeu McDonalds!

E no “momento planejamento” deste dia eu descobri uma agencia de turismo em Buenos Aires que vendia city tours guiados em bicicletas. A agência chama “La Bicicleta Naranja” e por AR$ 70 pesos comprei um city tour pela região sul de Buenos Aires. E debaixo de uma lua de 40°C as 14hrs, saímos felizes e sorridentes guiando bicicletas “muy hermosas” e discretíssimas pelas ruas de Buenos Aires, eu, uma boliviana, duas holandesas, um cara da guatemala e a guia argentina. Sem brasileiros!

La Bicicleta Naranja


Nosso tour começou por Montserrat, que é a parte mais antiga da cidade. Neste bairro fica a “Calle Defensa”, nome dado a rua em homenagem aos moradores que, durante a invasão das tropas inglesas no início do século 19, atrasaram a invasão dos soldados atirando água fervente sobre eles.

Saindo de Montserrat pedalamos pelas ruas de pedra de San Telmo observando as fachadas decoradas dos casarões. Este bairro eu já havia conhecido por caminhar a pé neste mesmo dia pela manhã enquanto aguardava a saída do city tour. Nele há vários antiquários que vendem de tudo, e o mais interessante que encontrei em um deles foi o LP “Help!” dos Beatles com o nome da banda, álbum e das músicas traduzidos para o espanhol. Eu achei hilário aquilo.. imaginem “Los Beatles” com “Socorro!“. Será que isso era algo comum na época? Se alguém souber, me avise!

De San Telmo, fomos pedalando por ruas, praças.. passando pela Plaza Dorrego, cercada por casarões antigos e, segundo minha guia, onde aos domingos acontece uma famosa feira de antiguidades.

Neste ponto eu já havia desistido de prestar atenção ao que a guia ia dizendo. O inglês dela tinha um sotaque bizarro e eu já entendia menos do que devia. Preferi concentrar minha atenção nos lugares, nas fotos e procurar ir associando ao que já tinha lido nos meus guias.

Em uma das várias praças arborizadas de Buenos Aires

Pedalando pelas ruas de Buenos Aires

Monumento a Pedro de Mendonza, no Parque Lezama. Para uns o fundador de Buenos Aires e para outros o assassino de índios.

Depois de pedalar por ruas e avenidas movimentadíssimas – onde éramos respeitados pelos motoristas – chegamos ao talvez mais famoso bairro de Buenos Aires, o La Boca. Tudo por conta do Boca Juniors, o clube de futebol mais famoso fora da Argentina e a Diego Maradona. É lá que está o estádio La Bombonera. Ele leva este nome devido o seu formato ser semelhante a uma caixa de bombons. Não tive a sorte de chegar em um dia de jogo e como estávamos de bicicleta, também não entramos para conhecê-lo (é aberto a visitações).

La Bombonera

Segundo nossa guia, é extremamente perigoso passear pelas ruas com combinações de roupa em vermelho preto e branco, cores do maior rival do Boca Juniors, o River Plate. Aliás, semelhanças entre River e Flamengo, tanto nas cores quanto no seu patrocinador, a Petrobrás, são meramente coincidências.

Pedalando mais um pouco, chegamos a um conjunto de 3 ou 4 quadras ao redor da Vuelta da Rocha, uma curva fechada no curso do rio Riachuelo, que é onde está um antigo desvio ferroviário hoje transformado em rua de pedestres, o Caminito. Estacionamos nossas magrelas e tivemos 20 minutos de “recreio” pelo local, com a recomendação de que não distanciássemos pois fora daquele conjunto de quadras, La Boca não era um bairro seguro.

Enfim, Caminito é uma espécie de museu ao ar livre, rodeado por vários restaurantes que exibem apresentações de dançarinos de tango, dançarinos estes que dançam debaixo de um sol escaldante vestidos a caráter. Só de ver dava agonia!

Casal dançando tango no Caminito

Casal jovem dançando Tango no Caminito

Haviam turistas que arriscavam alguns passos com os dançarinos. Eu preferi ficar observando de longe! 🙂

Além dos restaurantes e dançarinos de tango, outra coisa que chama a atenção são os barracos coloridos. A tradição por pintar os barracos com cores vivas foi iniciada pelos imigrantes e tem sido preservada até então pelos moradores de La Boca.

Só não se vê casas pintadas em vermelho, preto e branco 😉

Viajo sozinho mas também quero sair nas fotos 😉

Depois do nosso recreio e de encontrar um casal de brasileiros de Goiânia que são vizinhos dos meus pais (êta mundinho pequeno!), saímos em direção ao Parque da Constañera, que fica entre a cidade e o Rio da Plata. E eis que chegamos até a margem do rio.. quanta poluição! 

Parque da Constañera

Mesmo com tanta poluição, o calor era tanto que a minha vontade era de dar um “tchibum” n’água.

Poluição no Parque da Constañera

Medo! É muita poluição. Segundo a guia, a culpa é em grade parte do rio Riachuelo, que desagua no Da Plata, e que quando o governo finalizar os projetos de despoluição do Riachuelo o Da Plata será conseqüentemente beneficiado.

Quase morto de cansaço e já buscando forças lá no fundinho pra continuar pedalando, saimos do parque em direção a Puerto Madero. E dá-lhe trânsito! Dava calafrios pedalar entre meio a tantos carros, caminhões e ônibus. Mas fomos indo…

Pedalando no Parque da Constañera

Puerto Madero, acho que já disse no post do ano novo, é o bairro mais novo de Buenos Aires e também o metro quadrado mais caro da cidade. Nele há uma ponte que lembra muito as obras de Oscar Niemeyer e consequentemente Brasília, a Puente de la Mujer. É obra do arquiteto espanhol Santiago Calatrava e gira 90 graus para permitir a passagem dos navios.

Puente de la Mujer | Puerto Madero

Foi nessa ponte que os brasileiros fizeram a maior putaria no reveilon, gritando e cantando “pentacampeão” e “sou brasileiro com muito orgulho e com muito amor”. Lastimável!

Puerto Madero

La Bicicleta Naranja em Puerto Madero

Depois de Puerto Madero, fomos pedalando até a Plaza de Mayo visitar a Casa Rosada, mas eu já estava cansado de vê-la e fotografá-la nas minhas andanças pelo centro de Buenos Aires nos primeiros dias da viagem. A essa altura eu só pensava em chegar logo a San Telmo, o ponto-final do nosso city tour e depois correr para algum restaurante, comer bem e depois ir pro albergue descansar.

A minha vontade de comer uma massa pra repor as energias perdidas no passeio era tanta, que deixei de experimentar algum prato típico argentino e degustar um bom vinho para comer uma bela pratada de macarrão com bastante água e coca-cola. E o melhor de tudo, paguei a conta com uma nota de R$ 50 e recebi AR$ 53 de troco! Cotação de 1 para 1,80. Desse jeito deu até pra deixar 3 pesos de propina para a garçonete.

Suipacha Almacén y Restaurant

O restaurante foi o Suipacha Almacén y Restaurant, que fica na Suipacha 425.

Enfim, foi tudo por esse dia. Os próximos posts serão sobre a a minha visita ao cemitério da Recoleta, a ida a exposição Bodies The Exibition e minhas andanças a procura de uma suposta Apple Store em Buenos Aires.


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Comentários

  1. Andando de bicicleta… gostei de ver! Desse jeito vai cumprir o trato antes de mim!

    Mas me conta quem sao os vizinhos. Eu conheço ou só moram perto mesmo?

  2. Renata Lemos
    01 fev 2008

    Marcelicho,

    tenho que confessar, senti uma grande ponta de inveja!kkkkk ai que vontade de estar lá…. Quantas vezes não sentamos, ou nos falamos por fone para planejar essa viagem, lembra? pois é, mas vou pensar no lado positivo, quando eu for com certeza te ligarei para receber boas indicações…..E o tango, pq não arriscou? logo vc que tem uma coordenação tão boa 🙂

    Adorei tudo, as estórias, as fotos, o preço das comidas, kkk enfim mais uma boa lembraça para vc contar.

    Beijo

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