Desfilando no carnaval de São Paulo

Caroll Almeida é jornalista, goiana e que atualmente mora em São Paulo. Tinha vontade de assistir um desfile no sambódromo, mas foi surpreendida com um convite para desfilar pela Escola de Samba Águia de Ouro. Nesse texto, Caroll conta para gente como foi essa experiência que ela define como “uma das melhores da vida”. 

Em algum lugar onde as pessoas são mais felizes que você – em Salvador, Recife ou mesmo no Rio – ainda é carnaval. Aposto que o Jornal Hoje do último sábado mostrou onde a folia continua. Pois bem. Vou me agarrar a este fato e fingir que tá tudo bem eu ter mandado esse texto (que meus amigos do Across the Universe me pediram há séculos) só agora.

Gosto muito de carnaval, mas minha vontade era um dia ir ao sambódromo “só” assistir. Uma semana antes do desfile das escolas de samba de São Paulo deste ano, recebi uma ligação perguntando se eu queria desfilar. “Você tem 3 segundos pra pensar. Diz logo”. Eu disse sim.

E lá fui eu cruzar a avenida na madrugada de sexta para sábado (na verdade, no sábado já: a minha escola entrou às 7 da manhã, com o dia claro) cantando o samba-enredo da Águia de Ouro, que ficou em terceiro lugar no campeonato. E só ficou em terceiro porque foi a única escola a atrasar. Saímos da avenida um segundo depois do tempo estourar e perdemos 1,1 pontos. Não fosse isso, eu hoje poderia dizer que desfilei na escola campeã de 2013.

Caroll na quadra da Águia de Ouro

Caroll na quadra da Águia de Ouro


É o maior clichê, mas é verdade: entrar na avenida é emocionante. Você não vê nada do desfile – nem da sua escola nem das outras -, e o tempo que você passa na avenida, mais ou menos uns 20 minutos, voa, mas é suficiente para fazer da experiência uma das melhores da vida. E quando você passa pela bateria recuada e sente todos os instrumentos, cara, sério, seu coração acompanha as batidas.

Se você gosta de samba, você PRECISA desfilar um dia. Sério. Coloque isso na sua wishlist. Se liga aí nas dicas (não são muitas, mas podem ajudar).

Escola do coração

Antes de mais nada, é preciso escolher a sua escola do coração. No Rio, a minha é a Mangueira. Em São Paulo não era nenhuma, agora é a Águia. É importante que você se identifique com a escola, porque deixa tudo mais divertido e rola um quê de responsabilidade. Você se sente parte do carnaval – mesmo que não tenha trabalhado todo um ano para colocar aquela beleza na avenida – e fará de tudo para que a escola se saia bem no sambódromo.

A quadra da escola Águia de Ouro

A quadra da escola Águia de Ouro

Fantasia

Como eu fui convidada, não paguei pela minha fantasia. Mas também não pude escolher. Fui na ala Labaredas do Méier, que tinha fantasias lindas: roupas com muitos babados em amarelo, vermelho e laranja. Era leve e mesmo debaixo da chuva (sim, choveu bem na hora do nosso desfile) não pesou tanto. O único problema foi a máscara, que acompanhava a fantasia.

Caroll Almeida e sua fantasia na Águia de Ouro

Aqui estou com duas máscaras, mas a fantasia é só com uma e ela vai na cabeça.

Para quem vai desfilar pela primeira vez, recomendo escolher uma fantasia que, claro, seja leve e confortável e que não tenha máscara. Ela dificulta sua respiração e no meu caso, que tenho rosto pequeno, ela “sambava” na minha cara e me deixava sem visão algumas vezes. Resultado: para não correr o risco da máscara sair do meu rosto e a escola perder ponto (fomos avisados em claro e bom tom: “se vocês tirarem essa máscara, por um segundo que seja, a Águia de Ouro vai perder o carnaval por conta de vocês!), tive que desfilar dando discretas puxadinhas na máscara toda hora. Não foi por minha causa que a escola perdeu, isso eu garanto, mas eu poderia ter me “esbaldado” mais sem a máscara. É legal que você não tenha essa preocupação e possa pular à vontade.

Ah, você vai precisar se hidratar de alguma forma: com água ou cerveja (hehehe). E vai chegar uma hora que você vai precisar ir ao banheiro. No sambódromo, pelo menos no do Anhembi, só tem banheiros químicos. Pense nisso também na hora de escolher a fantasia – não é fácil entrar nesses cubículos com um trambolho muito grande.

Outro ponto na hora de escolher é o preço. Este ano, em São Paulo, as fantasias variaram de R$ 150 a R$ 800. Na Águia em particular, as fantasias estavam a partir de R$ 300 e a que usei custava R$ 540. Só que se liga nessa dica: vale a pena ficar de olho nos “groupons” da vida, porque rolam umas promoções por lá. Na reta final do carnaval, algumas fantasias estavam por R$ 199. Inclusive a que usei.

Da preparação ao fim da avenida

A escola só chega ao Sambódromo para desfilar umas duas escolas antes. Portanto, até que dar a hora que deveríamos estar no Anhembi, fomos para o barracão da escola de samba – é assim que eles determinam. Portanto, fomos para lá mais ou menos umas 2 da manhã.

E é lá que as coisas se “organizam”. Você aos poucos vai achando as outras pessoas da sua ala e se agrupando. O legal é que as coisas acontecem automaticamente, não há ninguém dizendo o que você deve ou onde você deve ficar. Às 4h partimos de ônibus para o Anhembi – e foi aquela farra, com todo mundo revezando o samba da escola com marchinhas de carnaval e clássicos como “Vou Festejar”. Um dos momentos mais divertidos, com certeza.

Caroll e amigos se preparando para a avenida

Depois, a alegria só foi maior na avenida. É tudo muito rápido. Você entra, pula, samba, tenta manter o ritmo e ficar na fila com os outros foliões – se ficar para trás, a escola perde ponto. Apesar da pressão, é tudo muito incrível. As pessoas agitando bandeiras na arquibancada, cantando, torcendo junto com a escola. Depois de atravessar a avenida, você vai para casa (não rola de ficar por lá, é preciso abrir espaço para o resto das alas e carros saírem) torcendo para que o resto do pessoal tenha se saído bem.



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